Não há dúvidas sobre a relevância do papel da educação para o desenvolvimento de uma sociedade, pois significa o aprendizado e a sustentação de todas as ciências humanas, de tudo o que se sabe, de tudo o que se entende e compreende. A educação é a pedra fundamental sobre a qual todo o conhecimento da estrutura social se constrói. A educação, ou nossa compreensão, determinou nosso passado, determina o nosso hoje e o nosso futuro, pois o ser humano, por meio de sua inteligência, irá crear* seu amanhã. Educação deveria ser prioridade nacional, ao lado da justiça.
O nível do conhecimento que temos é determinante para o grau da evolução social em todas as esferas, que juntas compõem a realidade, como a política, economia, psicologia ou qualquer outra área de atuação humana. Portanto, educar é fundamental e hoje, infelizmente, percebo que o conhecimento vem em um prato muito mal servido e sem um conhecimento adequado, creamos* uma realidade muito aquém de nosso potencial, criando carências em vez de abundância. Se somos o que pensamos, logo somos o que aprendemos e aprendemos com o que nos é oferecido. É necessário, portanto, que não só desenvolvamos a infraestrutura física para que nossas crianças e jovens possam ter o espaço dentro do qual se dará o aprendizado, como uma boa estrutura pedagógica que ensine, de fato, nutra e desenvolva o potencial máximo de cada estudante.
E que amanhã vamos criar? O que sabemos e queremos determina nossas ações e, com isso vem a verdade de que são nossas ações que constroem o mundo em que vivemos, ou seja, querendo ou não, cada um de nós é cocreador da realidade individual e coletiva.
É sine qua non dar a oportunidade de educação a todas as vidas que se iniciam, como Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos brasileiros, apontou muito bem em uma de suas mais marcantes obras: “A educação é o berço das desigualdades”. E o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo.
A inteligência humana abarca vários “tipos” de inteligência e se apresenta de maneira singular em cada indivíduo, que pode ter mais capacidade ou inclinação para aprender ou se ligar mais a um tipo de expressão e desenvolvimento de inteligência do que outro. Sem dúvida, a inteligência emocional tem um lugar importantíssimo a ser desenvolvido e observado para que o ser humano possa oferecer à sociedade e a ele mesmo, por meio de suas relações inter e intrapessoais uma maior harmonia e equilíbrio. A primeira diz respeito a alguém com outro e a segunda a alguém com ele mesmo. Desta forma, fazendo melhores julgamentos e escolhas referentes tanto ao seu mundo interior quanto ao mundo que o circunda, a sociedade ganha e o indivíduo também.
Ter esse entendimento faz parte do saber educar. Acredito que A Inteligência Social abarca todas as inteligências, ou todas as inteligências podem se encontrar na Inteligência Social, que é entender a organização social e tomar para si, não só os direitos como também as responsabilidades, o que traz a interface com a ideia de cidadania. Desperdiçar o uso das várias inteligências, ou do potencial da inteligência, é um crime contra nosso futuro, de nossos cidadãos e do planeta. Já está mais do que na hora de introduzirmos no campo da educação o desenvolvimento da Inteligência Social e tudo que ela representa para o ser humano e suas relações.
* Existe uma diferença entre as palavras “crear” (do latim creo) e criar. Quando “creamos” algo, fazemos surgir o que antes não existia, é a manifestação da essência em forma de existência. Quando criamos estamos alimentando algo que já existe, seja de uma forma melhor ou seja de uma forma pior. Apesar da palavra “crear” ter caído em desuso, por uma mudança ortográfica, tem um significado inspirador e significativo
Extraído do livro Inteligência Social – a perspectiva de um mundo sem fome(s), de Luciana C. Quintão