Quando entendemos o conceito de Inteligência Social, entendemos que o futuro não é “algo que acontece” e sim, que criamos. É preciso ter essa consciência e atuar de maneira inteligente para que não construamos um mau legado para as futuras gerações que vão pagar a conta.
A prática do mal se constitui em falta de Inteligência Social, que é o mesmo que dizer que Inteligência Social é a prática do bem sistemático, aquele que é eficiente e que constrói. O homem por definição é um ser sociável, nasceu para viver em sociedade. Por isso, a qualidade da sociedade em que vive é fundamental para seu desenvolvimento, bem-estar e, em um sentido mais amplo, para preservação da espécie. Portanto, é nosso dever cumprir bem nosso papel social. Aprender e praticar o que fazer para construir um futuro promissor e mitigar tudo o que nos atrapalha para a obtenção desse objetivo.
É interessante perceber que cultura também significa o processo efetivo de cultivar a terra. O que andamos cultivando com nossas ações e pensamentos enquanto sociedade? Estamos promovendo uma cultura de paz? Uma cultura de sustentabilidade? Uma cultura de honestidade e de confiança? Uma cultura de respeito, bons relacionamentos e convivência, tanto como pessoas, quanto comunidade e planeta?
Vejo que nos falta uma visão de 360 graus do conjunto de interesses realmente humanos, coletivos e planetário, que seja decorrente de boas relações interpessoais, de políticas adequadas ao bem comum e da consciência da necessidade de preservação do meio ambiente. Essa visão é elástica, pois se refere tanto a uma comunidade quanto a um país, a um continente e ao planeta inteiro. Sem isso, será inevitável deslanchar uma crise civilizatória de maiores proporções em que estará comprometida a nossa qualidade de vida e até nossa sobrevivência. Todos deveriam ter os sentidos e potencialidades voltados para essa questão.
Hoje já somos sete bilhões de habitantes em todo o mundo, e esse é o maior desafio do nosso tempo: transformar a nossa realidade sabendo que, em 2050, seremos quase dez bilhões de pessoas vivendo sob o mesmo céu e sobre a mesma Terra. O que um faz, afeta a todos! A velocidade das mudanças tem que ser acelerada, o dever de casa não foi feito a contento.
Em sociedade, a força do grupo garante a sobrevivência e cria excedentes sem os quais não se promove crescimento. Portanto, é nossa obrigação progredir fazendo jus à inteligência humana, teoricamente sempre em expansão. É incontornável fazer uma reflexão sobre o passado, entender demandas e desafios atuais, estar atento ao que funciona ou se tornou obsoleto e estabelecer as metas para o futuro.
Isso ocorre porque estamos colhendo os frutos de todas as escolhas que não foram inteligentes e de nossos próprios equívocos. Nada mais verdadeiro do que isso: você colhe o que planta. Muitas oportunidades de resolver, de fato, essa questão, vêm sendo postergadas.
A pergunta que se faz é como tratar e cuidar desse país para sair de onde nos encontramos e ir para onde queremos e precisamos chegar. O tratamento passa pela prática da Inteligência Social, sendo que reconhecer a doença é o primeiro passo para nos curar como nação. Sem esse diagnóstico inicial é inútil partir para o tratamento.
É inteligente e necessário medicar o país. No futuro nem será preciso medicarmos, caso aprendamos a praticar a profilaxia que impede que se adoeça. A real visão do Brasil (e a importância da prática da Inteligência Social) deveria ser apresentada já nas escolas desde o Ensino Fundamental e não apenas ser mostrada, muitas vezes superficialmente, em algumas faculdades. Isso é simplesmente inaceitável – assim como não estimular os adolescentes e os jovens adultos a serem cidadãos e a se dedicarem a trabalhar, sem demagogia, para construir um país melhor, por intermédio de uma participação inteligente, contínua e ativa. Essas omissões têm um preço muito alto para toda a sociedade e fazem com que as fomes permaneçam. Temos em nossas mãos o poder de reverter essa realidade e viver um futuro sem carências. Não precisamos de muito, apenas um do outro.